quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cândida

Cândida(o), o espetáculo.

“Cândido, adj. Alvo; (fig.) sincero; puro; ingênuo; inocente.”
Através desse conceito breve de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, pode-se chegar a um conceito (também breve?) acerca de “Cândida”, peça teatral de Bernard Shaw , que encerrou temporada no último domingo (2/agosto/9) no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo; portanto, sendo breve(?) , pode-se dizer que nesta montagem – inteligentemente dirigida por Zé Henrique de Paula – manifestou-se o tom ‘alvo’, ‘sincero’, presente nas impecáveis atuações, no ritmo cênico e na habilidosa e coreografada marcação das cenas, as quais descrevem o movimento de uma ritmada dança – sem direito à disritmia – e a beleza imagética, estonteante, quase inexplicável, presente nas pinturas.
O espetáculo, embora de arte dramática, consegue envolver o espectador numa atmosfera pictórica desde o início, quando a descrição do ambiente em que transcorrerão as ações é feita meticulosamente. Que desafio! Desafio ao diretor e ao elenco (diga-se de passagem afinadísssimo) que – astuta e talentosamente – dá conta de um texto perspicaz, o qual vai se revelando oportunamente à platéia embevecida pelas saborosas surpresas.
Sendo breve(?), neste desfecho, devo dizer que se torna dispensável tecer elogios individualizados a um elenco tão integrado e comprometido na Arte de representar em conjunto: foi um passar a bola, ou melhor, a fala ao colega de cena num gozo que só (foi) e é possível ser atingido coletiva,não individualmente, pois aí passa a ser (perdoem-me o termo) masturbação e não celebração do Belo que o autor compôs, o diretor propôs e o elenco transpôs. Portanto (ainda que não breve), Bravo a todos dessa montagem.

(LUIZ CARLOS LÍBANO*)

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